sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Que cupído, que nada!

   O tio Schopenhauer é fodástico mesmo, mas tenho que dizer para todos os engravatados que percorrem a vida com os olhos secos, procurando algo de muito valioso que dê sentido a sua vidazinha vazia, que infelizmente, ou não, segundo o magistral filósofo Schopenhauer a vida NÃO TEM SENTIDO. É uma idéia apavorante, principalmente para os mais otimistas ou pelo menos para aqueles que usam os óculos do senso comum. Eu que não sou tão otimista assim, fiquei me pelando de medo, aliás, confesso morro de medo do tio Schopenhauer, embora ele esteja na lista dos filósofos que mais me marcaram e, por que não dizer, é um dos filósofos que mudou minha vida. Parece exagero, acho que ando lendo coisas hiperbólicas demais.
   Estamos condenados ao sofrimento, diz Schopenhauer, estamos fadados à dor à toda prova, nossa história de vida é trágica. Saciamos os nossos desejos mais banais com a falsa impressão que estamos nos inclinando à felicidade, todavia a verdade é bem outra, as pseudo-felicidadezinhas quando saciadas pelos nossos instintos mais animais só provam que somos impotentes na vida, pois é quando nos damos conta que aquela felicidade é efêmera demais pra ser chamada de Felicidade. Somos seres indefesos, patéticos, fracos e infelizes.
   É cruel que a natureza use o instinto de isca pra brincar com a vida dos animais, ademais, Schopenhauer esclarece que tudo o qual fazemos é em nome da natureza, seja ela consciente ou inconscientemente, não interessa. Ta lá na Metafísica do amor sexual schopenhauriano, a idéia desse amor sentimental, meloso que não passa de uma ilusão, melhor dizendo, não passa de um erro o qual os seres humanos acabam caindo, mas que é uma armadilha da natureza que almeja a perpetuação da espécie num mecanismo harmonioso da vida. Diz Schopenhauer: quer bem maior pra espécie do que a certeza que haverá de fato outra geração a vir, portanto, a perpetuação da espécie?
    Schopenhauer é o papa do pessimismo, com uma lucidez que chega a doer, aliás comprova a frase: a verdade dói, se é que podemos chamar isso de verdade. Há uma importância fundamental de Shopenhauer nas obras de outros filósofos que colocam o amor sexual em discurso, entre eles, o mais notório é Freud, mas vale dizer, que sempre que lembro da Metafísica do amor, vem à minha mente a História da sexualidade do Foucault, pode não ter muito haver mas pelo menos pra ambos o sexo aparece como armadilha, embora premissados, argumentados de formas bastante distintas.
    Lendo Schopenhauer percebemos que são argumentos belos e maravilhosamente bem escritos que fazem a gente cortar os pulsos de tanta infelicidade lúcida. Ele parece que escreve com um bisturi e que vai rasgando nossas acomodadas crenças, "verdades inventadas" e "verdades" querendo-ser-acreditadas. Mostrando as feridas que causa a dor de existir, feridas as quais ficam escondidas nos recônditos da nossa alma e que quando exposta nos quebram em mil pedaços.
    

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