quinta-feira, 25 de julho de 2013

Status de Relacionamento

   Agora, quando querem avisar ao mundo sobre mudanças importantes na sua vida pessoal, as pessoas vão ao Facebook e fazem uma modificação de status. De “solteiro” para “em um relacionamento sério”, por exemplo. Ou de “relacionamento sério” para “em um relacionamento enrolado”. O programa oferece nove possibilidades de escolha, mas, da forma como eu vejo, as mensagens são apenas três: tenho alguém, não tenho ninguém, não sei.
   Das três categorias, a que mais devia ser  usada  é a terceira. Ela parece piada, mas, na verdade, é uma descrição objetiva de fatos que muitos de nós já vivemos. Há momentos em que simplesmente não sabemos qual é o nosso status amoroso.
    “Ontem estávamos felizes, mas, depois daquele bate-boca odioso, quem sabe o que vai ser de nós?”
    “Estávamos apaixonados há dois meses, mas eu viajei de férias e, na volta, alguma coisa esfriou - ainda somos realmente namorados?”
Sem falar daquela garota, daquele cara, que sai cinco, seis vezes com a mesma pessoa, dorme junto, acorda feliz, mas, toda vez que alguém pergunta, esclarece: “Somos amigos”. Haja saco..
   As situações de incerteza amorosa machucam. Elas nos lançam numa vertigem de sentimentos negativos. Quem não sabe deprime, entristece, broxa. Como tomar decisões, mover-se em qualquer direção importante se você não sabe se estará sozinho ou acompanhado? É óbvio: quem não sabe onde está não pode decidir para onde ir.
    Vejam bem: não acho que isso seja culpa do outro. Nem sempre somos vítima da indecisão de alguém. É comum que nós mesmos estejamos perdidos em nossos sentimentos, passageiros de um relacionamento que parece ter perdido o rumo. Essas coisas acontecem. As circunstâncias viram névoa. Presos na confusão, os outros, como nós, frequentemente não sabem o que sentem, o que querem, como fazer e o que fazer.
   Dúvidas são uma forma louvável de honestidade, sobretudo quando são recíprocas. Mas, se você tem tudo claro e o outro vive em permanente estado de apagão, sejamos francos, talvez você seja o problema...
   Por trás do pano ralo da gracinha, “em um relacionamento enrolado” há uma confissão, um apelo, quase um pedido de socorro. Quem aciona esse botão está avisando ao mundo – e não apenas aquele infeliz ser humano em particular – que a sua vida virou um ponto de interrogação clamando para ser elucidado. Em um mundo repleto de certezas temporárias (“noivo”, “casado”, “separado”), é preciso ter coragem para admitir que você não sabe onde está. Não sabe se foi aceito. Não sabe se foi abandonado. E pior: está com medo de perguntar.
   Muita gente preferiria, claro, que essas informações de natureza pessoal não fossem compartilhadas na internet. A partilha pública de sentimentos é um comportamento adolescente, movido por sentimentos adolescentes. Mas as redes sociais nos reduziram a isso, não foi? Viramos adolescentes fofoqueiros e exibidos de diferentes idades.



Nenhum comentário:

Postar um comentário